sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Estranho.

Olho para os lados e me sinto perdido. Sozinho. Sento e começo a observar todos que me cercam, e chego a uma previsível conclusão: não sou normal.

Parece que meu ponto de vista e minha forma de ver as coisas são algo extinto. O mundo parece andar de uma determinada forma, e eu não consigo acompanhar seus passos, às vezes muito acelerado, outras muito retardado. Só o que sinto é um vazio interior, e um nada exterior.

Sou uma casa mal acabada, que visivelmente está prestes a desabar, pois suas estruturas parecem antigas ou frágeis demais. Interiormente, está mal decorada, com paredes que parecem novas, prestes a secar. Objetos contrastantes, novos e antigos, e nada mais. Um sentimento de solidão e vazio parece toda a casa encher, que mesmo sua vasta decoração não consegue preencher.

Observo conversas, gostos, ações. Incrivel e estranhamente, sinto raiva e desgoto, de ver o quão fútil o ser humano se tornou. Não, não me excluo dessa lista, nem digo que sou melhor. Sou tão fútil quanto os outros, e é isso que me faz sentir pior.

Não consigo apenas sorrir. Por trás de minha risada, existe um grito desesperado que, escondido, continua a corroer minha alegria. Cada sorriso meu representa uma lágrima, que mais tarde irei derramar junto a tamanha agonia. Lágrimas racionais, não emocionais. Lágrimas causadas por pensar demais, analisar demais, calcular demais. Queria poder deixar rolar. Apenas continuar, sem muito com o que me preocupar.

Percebo que ao pensar demais, ao analisar demais, me torno mais anti-social. As vezes vejo determinadas coisas nas pessoas que fazem afastar-me delas. Coisas que só são notadas apenas por eu ser assim.

Continuo sozinho.

 

Mas parece até provocação. Quando enfim encontro alguém que posso confiar, que posso me identificar, um imprevisto acontece, e nossos destinos são duramente separados.

E assim o tempo continua passando, e eu continuo andando. Sem rumo, como se estivesse numa larguíssima rua, amarrotada de pessoas, sozinho. É o paradoxo novamente que me cerca.

Ao ver que meu presente não traz nada de bom, começo a mais adiante pensar, e o meu fuutro planejar. Mas novamente um muro bloqueia meu andar. Tento, incansavelmente, quebrá-lo, com todas minhas forças. As tão pesadas lágrimas tornam-se leves. A tão constante análise se torna um mero comentário. Olho para os lados e ninguém consigo enxergar. Nada consegue o muro quebrar. E ele continua lá, estagnado em minha mente, impedindo-a de seguir em frente. Impedindo-me de ver se, quando essa ridícula fase passar, tudo irá melhorar. E eu maduro o suficiente,     irei estar. Para enfim esse desgastante muro quebrar.

 

Muro (1)

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